Se tem gente com fome em Bezerros, dá de comer!

Em meio à pandemia da covid-19, o Brasil vive uma explosão da fome. Segundo dados da pesquisa do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, 43,4 milhões de pessoas (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões de pessoas (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave). Ou seja, 19 milhões de brasileiros enfrentam a fome no seu dia a dia e mais da metade da população está em situação de insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave. Considera-se Insegurança alimentar quando alguém não tem acesso pleno e permanente a alimentos.

O poeta e militante pernambucano Solano Trindade já dizia: “Se tem gente com fome, dá de comer!”. Mas não é isso que tem acontecido, pelo contrário, o governo federal lava as mãos em sangue do povo que morre de Covid-19 e de fome. Destaca-se diante disso a redução do valor do auxílio emergencial de 600 para 150 reais e o corte de cerca de 30% nos beneficiários em relação a 2020, que aprofundou ainda mais esse contexto de fome em 2021, além de todo o negacionismo em relação à pandemia e a recusa a milhares de doses da vacina por parte do governo federal, o que está fazendo com que a vacinação aconteça à conta gotas e se agrave ainda mais a situação pandêmica no país. Diante desta realidade, a palavra de ordem no momento é Vacina no braço e comida no prato!

Uma coisa precisa ficar clara diante dessa discussão, a fome não é natural, ela é produzida socialmente. Diante da ausência do Estado, quem está alimentando o povo são os movimentos sociais, destaco aqui o projeto mãos solidárias do MST e as cozinhas solidárias do MTST, além da iniciativa de organizações como a AFABE, que não só durante a pandemia, mas historicamente tem enfrentando a fome. As comunidades, associações, o povo organizado que está enfrentando a fome através de ações de solidariedade como bancos de alimentos, cestas básicas, marmitas e doações.

Fortalecer essas ações é necessário, mas nos cabe pressionar o governo federal para a retomada do auxílio emergencial de 600 reais, assim como as gestões estaduais e municipais para efetivarem políticas de enfrentamento a fome. Diante disso questiono: O que os municípios tem feito pra enfrentar a fome? O que Bezerros tem feito pra enfrentar a fome?

Fortalecer a Agricultura Familiar é uma política de combate à fome. Garantir políticas de Assistência Social é combater a fome! Tem gente com FOME, dá de comer!

Por Luiza Carla de Melo, Terapeuta Ocupacional, Conselheira Municipal de Saúde de Bezerros, Residente em Saúde da Família do Campo pela UPE e Associada AFABE

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