O brincar em tempos de pandemia

Amarelinha, pular corda, bola de gude, balanço, desenhar/pintar, montar circuitos dentro de casa, subir em árvore, bonecos de barro, pega-pega, até comida e caixa de papelão com criatividade viram brincadeira. Através do brincar a criança descobre/aprende o mundo e desenvolve diversas habilidades para o dia a dia, constrói relações interpessoais e autoconhecimento. O próprio Estatuto da Criança e do Adolescente e a Declaração Universal dos Direitos da Criança reconhecem a importância do brincar, o que faz o tema tão pertinente, sobretudo no mês de abril que é considerado mês de conscientização do Autismo (Abril Azul).

Apesar de haver um consenso quanto à importância do brincar, nem sempre há um reconhecimento da seriedade e do brincar enquanto Direito. Brincar não é mera “bobagem de criança”, o brincar é direito e fonte de saúde que traz repercussões pra toda a vida, além de ser a principal atividade (ocupação) do cotidiano da criança. Através do brincar podemos promover estimulação sensorial e o próprio processamento sensorial, termo que se refere ao modo que o nosso cérebro recebe as sensações do corpo e do ambiente e assim interage com o mundo ao redor (imagem, som, toque, gosto, cheiro – cinco sentidos que trazem informações do ambiente ao corpo e nos fazem sentir o mundo).

O impacto da pandemia no cotidiano das famílias e o contexto das aulas remotas fizeram com que as crianças ficassem em casa nesse último ano, situação que deve perdurar e que torna desafiador o ser criança na pandemia e o ser mãe/pai na pandemia. Diante disso, o brincar deve ser protegido e promovido durante todo o tempo, sobretudo agora nesse contexto sem o espaço presencial da escola. Brincar não é só coisa de criança, deve envolver toda a família e pode se tornar um momento de vínculo e encontro. Um grande exemplo que vale ser lembrado é a vida do Mestre Vitalino, que mostra uma história que começou com uma brincadeira de criança ao fazer bonecos de barro e que hoje é reconhecido como um dos maiores artesãos do Brasil. Uma criança que não brinca, adoece. Vale destacar aqui que o celular e a televisão não devem ser consideradas brincadeiras centrais de nenhuma criança. É preciso brincadeiras reais para desenvolver e aprender o mundo! Brincar é coisa séria! Criança saudável é aquela que brinca!

Por Luiza Carla de Melo, Terapeuta Ocupacional, Conselheira Municipal de Saúde e Associada AFABE. #Coronavirus #Covid19 #ECA #Autismo #AbrilAzul #Brincar